Com a preocupação de verem os filhos “bem-sucedidos”, muitos pais se opõem veementemente quando eles escolhem profissões que não são bem remuneradas no mercado de trabalho. Para evitar mergulhar em uma crise familiar de grandes proporções, é importante examinar em conjunto algumas questões.
Em primeiro lugar, diante dos milhares de caminhos possíveis, muitos adolescentes se sentem perdidos para escolher uma profissão. Convém lembrar que não é preciso fazer uma escolha definitiva: muitos mudam de rota no decorrer do tempo até encontrar uma área de estudo/trabalho com a qual se identificam. Isso não significa que os pais fiquem eternamente disponíveis para sustentar o filho, quando este resolve passar muitos anos “estudando para o concurso” ou migrando de um curso para outro porque “não é bem isso que ele quer”, sem nada concluir.
Em segundo lugar, examinar o conceito de “bem-sucedido”. Para uns, é quem ganha muito dinheiro, mesmo que odeie as segundas-feiras porque precisa encarar mais uma semana de trabalho insatisfatório, exaustivo ou terrivelmente estressante, apesar de bem remunerado. Para outros, bem-sucedido é quem trabalha com prazer e encontra um sentido maior naquilo que faz. A gratificação financeira pode não ser das melhores: outros tipos de ganho são mais significativos.
Em terceiro lugar, escolher o estilo de vida. Aqueles que aderem à corrente da “simplicidade voluntária” resistem ao apelo da sociedade de consumo, consideram que “tempo é melhor do que dinheiro” e conseguem “viver mais com menos”. É claro que as escolhas que fazemos incluem renúncias. Conheço pessoas que, após anos de dedicação exclusiva ao trabalho, declararam que se sentiram mais felizes quando mudaram a definição de “bom padrão de vida”, cortaram despesas que passaram a considerar como supérfluas, decidiram ter mais tempo para a família e para si mesmos, mudaram de profissão e de local de moradia.
O essencial é desenvolver o espírito empreendedor, para visualizar as oportunidades que surgem e criar condições de aproveitá-las. Nem sempre é necessário entrar para a universidade. Há grande demanda de profissionais de nível técnico e, para muitos, esse caminho traz satisfação pessoal e muita demanda de trabalho. Vivemos em um mundo que não oferece garantias: muitos que se formaram e até concluíram a pós-graduação acabam trabalhando em áreas que pouco ou nada se relacionam com o que estudaram por tantos anos.
A conversa em família em que os diferentes pontos de vista podem ser respeitosamente ouvidos pode propiciar uma definição mais clara de escolhas, renúncias e responsabilidades assumidas por pais e filhos. Quando o filho escolheu trabalhar com carga horária menor ou com ganhos financeiros modestos, os pais não devem assumir a responsabilidade de oferecer um padrão de vida que ele não pode ter por conta própria. Encarar as consequências das próprias escolhas faz parte do desenvolvimento pessoal.
Excelente publicação. Estamos vivendo numa sociedade em que o ter é prioridade e o ser está esquecido. Vejo que a simplicidade é o caminho da felicidade.
Estou nesse momento buscando uma nova oportunidade profissional que eu tenha mais tempo pra mim e minha família.
Obrigada, Eliezer! Espero que você encontre em breve esse trabalho que permita usufruir da riqueza do tempo para estar com as pessoas amadas!
Excelente texto. Lamento não poder estar presente na reunião que abordará esse tema.
Obrigada, Lecília! Esse tema poderá ser abordado em outras reuniões de troca de ideias, é muito importante pensar sobre nossos caminhos de vida.