Os recursos tecnológicos são facas de dois gumes: podem ser usados para o bem ou para o mal. A conexão com uma multiplicidade de pessoas abre possibilidades de compartilhar informações, trocar ideias, combinar programas, formar grupos de interesse, fazer trabalhos colaborativos, expandir o ativismo social. Por outro lado, as redes de ódio e as associações malignas – que promovem crimes e atos terroristas, estimulam preconceitos e intolerância com as diferenças – também se disseminam velozmente.
Aplicativos que aparentemente garantem anonimato são atraentes, a princípio, para fazer confidências e revelar segredos que as pessoas não ousam confessar a ninguém; porém, mais comumente são utilizados para agressões pesadas, mensagens de ódio e intimidação.
Portanto, a conversa clara sobre uso responsável da tecnologia, percepção de risco e autoproteção precisa acontecer com frequência na família. Pesquisar junto com os filhos na internet relatos de casos de pessoas que sofreram ataques, perseguições e intimidações pode dar origem a reflexões úteis para o uso adequado desses recursos.
Como diz o ditado, é melhor prevenir do que remediar: pensar em conjunto as consequências de expor conteúdos inapropriados (fotos íntimas, informações que não devem ser dadas, adicionar aos contatos pessoas desconhecidas) é medida de cuidado e proteção. Mesmo assim, problemas acontecem e encarar as consequências de condutas impulsivas e impensadas é remédio amargo, mas inevitável.
“O que faço com o que fizeram comigo?” – os efeitos do cyberbullying variam para diferentes pessoas. Há quem fique desnorteado, deprimido, arrasado; outros superam o problema mais rapidamente. Depende também do tipo de agressão ou difamação: se é uma simples fofoca ou o compartilhamento de fotos/vídeos íntimos, como acontece nos episódios conhecidos como “pornografia de vingança”.
Os que praticam cyberbullying precisam arcar com as consequências de seus atos e fazer reparação de danos. Isso faz parte da aprendizagem do respeito pelo outro e da ética da convivência. Liberdade de expressão não inclui esse tipo de condutas.
Algumas escolas proíbem o uso do celular em sala de aula. Mas outras estão descobrindo a importância de incorporar esses recursos tecnológicos na prática pedagógica. Isso será cada vez mais importante para educar os “nativos digitais”, na medida em que o professor está deixando de ser um transmissor de conteúdos para ser um mediador de conhecimentos, estimulando a reflexão crítica e a organização dos conteúdos pesquisados.
Os recursos tecnológicos são tão atraentes que é difícil para a imensa maioria das pessoas (crianças, adolescentes e até mesmo adultos) limitar o tempo de uso para que não prejudique outras atividades e compromissos. Por isso, é preciso que se façam acordos para ajudar a construir a autorregulação. Crianças pequenas precisam ter limites firmes para o “tempo de tela”. Na medida em que crescem, podem aprender gradualmente a tomar conta de si mesmas, e, desse modo, ter mais acesso aos recursos da tecnologia.