-Minha filha, com cinco anos, se ressente quando me vê envolvida com o bebê, de três meses. Está irritadiça, reclama de tudo, solicita minha atenção o tempo todo!
Em conversas com grupos de pais e na consultoria sobre recursos de comunicação, essa é uma questão que sempre surge. Nossos sentimentos se transformam e se encadeiam uns nos outros. O ciúme surge do medo da perda, da ameaça de ser destronado, rejeitado. A tristeza pode ser encontrada no fundo de muitos ataques de raiva.
Os sentimentos encadeados resultam em mudanças de comportamento e do clima do relacionamento. Mas, quando conseguimos explorar o terreno emocional, podemos ter conversas claras sobre os sentimentos, propiciando sua transformação e a construção de acordos de convívio que possam ser pelo menos razoavelmente satisfatórios.
– Você fica chateada quando me vê cuidando do bebê?
– Será que você está achando que eu não gosto mais de você?
Conversas afetuosas, que permitem a expressão clara dos sentimentos, condutas que mostram a permanência do amor, ações para estimular a interação entre a criança e o bebê são caminhos para transformar o ciúme em segurança, o que permitirá viver a alegria de ter um irmão e a rica aprendizagem desse convívio.
O ciúme pode nos atacar em qualquer idade, assim como a insegurança, a disputa pelo poder, o medo de ceder e ficar submisso ao outro. E, nesse emaranhado de sentimentos, nem sempre conseguimos perceber claramente o que acontece dentro de nós. E nem sempre conseguimos expressar o que sentimos. “Quando a boca cala, o corpo fala” é o ditado popular que sinaliza sentimentos represados, na raiz de muitos sintomas e doenças.
Conseguir ter boas conversas conosco mesmos permite entender melhor os acontecimentos que resultaram em mágoas, ciúmes, raiva, ressentimento e transformar tudo isso em compreensão, compaixão, assertividade. Com isso, conseguiremos caminhar com mais leveza pela vida.
A doce competência de sempre… Beijos!
Obrigada, Cristina! Nesse cenário em que vemos tanto ódio e intolerância é bom lembrar da nossa fraternidade humana e nos encaminharmos para a solidariedade e a compreensão.