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Em caminhos escorregadios, como esse que fotografei em Ibitipoca (MG), a “insegurança benéfica” me estimula a ser mais cautelosa com meus passos.

Em caminhos escorregadios, como esse que fotografei em Ibitipoca (MG), a “insegurança benéfica” me estimula a ser mais cautelosa com meus passos.

Um pai veio conversar comigo após uma palestra. Disse: “Sou muito inseguro, tenho medo de desagradar os outros, sinto dificuldades em tomar decisões. Não gostaria de passar isso para minha filha, que está com sete anos”.

A primeira coisa que eu disse a esse pai é que ninguém é 100% seguro nem 100% inseguro. A insegurança aumenta quando criamos expectativas impossíveis de serem realizadas: ninguém consegue agradar a todo mundo sempre. Outra coisa: não “passamos” insegurança para os filhos. Cada um deles desenvolve um modo de ser e de perceber os acontecimentos. Podem crescer se sentindo predominantemente seguros, embora percebam nossas inseguranças.

Além disso, há a “insegurança benéfica”, que nos motiva a avaliar com o devido cuidado os prós e os contras de decisões importantes, em vez de rapidamente escolhermos uma alternativa que nem sempre será a melhor. A “insegurança benéfica” também estimula nossa dedicação para, por exemplo, estudar mais para fazer uma prova importante, em vez de acreditar, sem base na realidade, que vamos conseguir ótimos resultados.

A falsa segurança, que costuma vir junto com a arrogância, é má conselheira. Quem pensa que já sabe tudo não percebe o quanto precisa aprender. E, por isso, se prepara de modo insuficiente para as provas da vida.

Quando adotamos a postura de aprendizes permanentes, conseguimos encarar a insegurança como parte do processo de transição entre as diversas etapas da vida. O primeiro namoro, o início da vida profissional, a chegada do primeiro filho são alguns dos muitos exemplos de transição existencial, em que novos caminhos de desconhecimento se abrem e a insegurança se apresenta. Em vez de lutar contra ela, podemos considerá-la como aliada, que nos estimulará a aprender os primeiros passos nas novas trilhas.

A vivência fundamental da insegurança é o próprio ato de nascer. Em que mundo estamos desembarcando? O que nos aguarda nessa jornada? Por isso é tão importante gestar com a consciência de que estamos “tecendo” uma pessoa e receber o recém-nascido com amor, acolhimento, aconchego e bons cuidados. Acompanhar o desenvolvimento da criança ajudando-a a construir uma boa auto-estima, apreciando suas conquistas e mostrando que o erro é importante para a aprendizagem. Isso contribuirá para que ela cresça se sentindo segura para encarar os desafios da vida, fazendo aliança com a “insegurança benéfica” para procurar se aprimorar cada vez mais.