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Quando meus filhos eram pequenos, eu mostrava folhas e flores com uma lupa para nutrir a curiosidade pela Natureza.

Quando meus filhos eram pequenos, eu mostrava folhas e flores com uma lupa para nutrir a curiosidade pela Natureza.

No encontro entre escritores e jovens leitores, um menino de dez anos comentou que seus amigos o acham muito curioso, porque faz muitas perguntas em sala de aula. Preocupado, perguntou: “O que a senhora acha disso”? Disse a ele que continuasse cultivando sua curiosidade, para aprender coisas novas a vida inteira.

Felizmente, minha curiosidade continua bem nutrida. Considero que esse é o melhor recurso para combater o tédio. Se sempre encontro muitas coisas e pessoas que me despertam interesse, mantenho o encantamento pelas descobertas.

A experiência como psicoterapeuta me fez perceber a importância da curiosidade nos relacionamentos. Para começar, o autoconhecimento. Nosso inconsciente é gigantesco: podemos sempre descobrir algo novo em nós mesmos. Acho graça quando ouço alguém afirmar: “Eu me conheço!”. Pura ilusão.

Após uma palestra, uma senhora me disse: “Estou casada há quarenta anos e não posso dizer que conheço meu marido”. Ela está certa. E a curiosidade para continuar descobrindo novos aspectos na pessoa com a qual convivemos há tantos anos pode nutrir a relação e renovar o encantamento. A menos que as surpresas sejam muito desagradáveis…

Um menino de nove anos, reclamando das tarefas escolares, me disse: “Eu já sei tudo, por que eu tenho que estudar essas coisas?” Conheço adultos que também criam essa ilusão de onisciência: cultivando a arrogância e o orgulho, sufocam a curiosidade.

Nos primeiros anos de vida, a curiosidade e o entusiasmo de descobrir o mundo ao seu redor trazem muita alegria para as criancinhas. Infelizmente, em algumas delas, a curiosidade vai desbotando pouco a pouco. Acabam afirmando que acham tudo chato, e não se interessam por nada. Alguns tornam-se adultos que restringem enormemente seu espaço vital: vão sempre aos mesmos lugares, comem a mesma coisa todos os dias, constroem rotinas rígidas e restritas. Temem novas experiências ou não sentem prazer em descortinar novos horizontes.

Com o gigantesco acesso à informação que está disponível atualmente, é inegável que o que ainda não conhecemos é uma área infinitamente maior do que o que já sabemos. O progressivo acúmulo de conhecimento é estimulado pela curiosidade. É uma riqueza que nunca se perde (a menos que nosso cérebro se deteriore) e que irá conosco a todos os lugares. A humildade e a intuição são grandes aliadas da curiosidade, que inspira cientistas a pesquisar novos temas, desbravadores a navegar por mares desconhecidos, escritores a penetrar mais a fundo nos infindáveis labirintos da mente humana.