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Palavras ao vento torcem e distorcem a comunicação (fotografei essa árvore em Jericoacoara, CE).

Palavras ao vento torcem e distorcem a comunicação (fotografei essa árvore em Jericoacoara, CE).

“Estou há quatro meses me relacionando com um rapaz pela internet e até hoje não conseguimos nos conhecer pessoalmente. Ele jura que eu sou especial para ele, mas sempre que combinamos um encontro acontece um imprevisto de última hora e ele desmarca. Será que ele está me enrolando”?

A capacidade de se iludir é impressionante! O que será que alimenta a esperança dessa moça que me revelou sua inquietação? Belas palavras que não se casam com ações são apenas perfume de sedução que nos envolvem em promessas vazias. Presa entre o desejo esperançoso e a frustração, agarra-se às palavras e deixa de dar o peso devido ao que o comportamento evasivo do rapaz está realmente comunicando.

Essa trama não acontece apenas nos relacionamentos amorosos. Nas relações familiares são comuns os episódios de palavras descasadas da ação. O pai de um menino de nove anos desabafa: “Minha palavra não vale mais nada”! Pedi que me desse um exemplo, e ele revelou que fala assim com o filho:

“Se você não fizer os deveres da escola não vai brincar com seus amigos” – mas a ameaça não se cumpre. O filho continua fazendo o que bem entende, e ele se queixa que os limites que coloca não funcionam.

Há três elementos básicos na comunicação: palavras, expressões corporais e ações. Quando estão integrados, enviamos mensagens coerentes mas, quando se desencontram, é a palavra que perde o poder. E quando a palavra cai em descrédito, torna-se muito difícil educar.

– Mamãe fala, fala, fala mas não faz nada! – as crianças são observadoras atentas e rapidamente concluem que não é necessário cumprir o que foi combinado.

– Eles me irritam, e aí eu perco a paciência e digo que eles vão ficar de castigo. Mas assim que a raiva passa, esqueço o que tinha dito.

Os filhos não esquecem e concluem que as palavras não precisam ser levadas a sério. Quando os “combinados” não são cumpridos, as consequências cabíveis precisarão acontecer.

Na relação entre pais e filhos, não é fácil construir autodisciplina e formar hábitos que resultem na capacidade de cuidar bem de si próprio e ser responsável. Nos relacionamentos amorosos, nem sempre é fácil valorizar os sinais não verbais que revelam as verdadeiras intenções que as palavras sedutoras tentam encobrir.