“Quando o Natal está próximo, fico triste. Lembro da minha infância, a família grande reunida, a mesa farta, a casa enfeitada com uma grande árvore com bolas e luzes coloridas, as caixas de presentes, o presépio montado. Minha mãe sempre tomava a iniciativa de coordenar as festas. Depois que ela morreu, acabou. Cada um fica no seu canto, ninguém se encontra mais” – desabafa Vânia, separada com dois filhos que passam o Natal com o pai e o Ano Novo com ela.
Raramente alguém vive, na prática, o seu ideal de família, sobretudo quando essa imagem é muito próxima da perfeição e, por isso, muito longe da realidade. Família são laços de amor, acolhimento, bons cuidados, intimidade, mas esses laços também incluem desentendimentos, raiva, mágoa, distanciamento e confusão. Cada um de nós tem uma família possível. Quando aproveitamos da melhor forma nossa “família possível” conseguimos desfrutá-la de acordo com suas características. E até mesmo criar alternativas viáveis para substituir o que gostaríamos que fosse mas que não dá para ser. Algumas possibilidades:
- Uma celebração de “pré-natal” quando, no dia oficial, há compromissos com outros núcleos familiares;
- Crianças e adolescentes que se sentem amados e bem cuidados por pessoas que não pertencem à família biológica e com elas constroem vínculos socioafetivos;
- Definir como família os laços em que predomina o compromisso de amar e de cuidar, nas mais diversas composições fora do convencional;
- Perceber que, apesar da distância geográfica, é possível buscar a proximidade da conversa e a consistência do cuidado (filhos e netos que moram em outras cidades ou países, por exemplo);
- Tentar transformar mágoas e ressentimentos em compreensão para que, mesmo após o término do casamento, seja possível construir uma relação pelo menos razoável como pai e mãe (para não permanecerem casados pelo ódio).
- Mesmo quando o relacionamento está esgarçado ou rompido, pode-se tentar restaurá-lo em algum nível.
Entre o ideal e o real existe o possível. Vale a pena tentar fortalecer a esperança e ampliar a capacidade de amar!
Lindo texto Tereza! Fala fundo ao coração da gente, pois Natal é família
e nos lembra saudosamente quem não está mais conosco, por estar em
outro plano, ou neste mesmo plano, mas em outras distantes paisagens!
É isso aí! A questão é expandir as possibilidades que a vida nos traz!