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A escultura hiper-realista de Ron Mueck, que fotografei no Museu de Arte Moderna, no Rio de Janeiro, em 2014.

Muitos pais se surpreendem com as mudanças que percebem em seus filhos e filhas entre nove e doze anos. Uma crescente habilidade para argumentar e defender seus próprios pontos de vista quando os pais colocam limites que contrariam seus desejos. A maior proximidade e influência do grupo de amigos. A necessidade de serem mais independentes. O humor que oscila. Enfim, grandes mudanças no corpo, nas emoções, no comportamento, no modo de expressar o que sentem e o que pensam. Eles próprios se estranham diante dessas rápidas e intensas transformações.

Construir um relacionamento familiar sólido também nessa etapa do desenvolvimento é a melhor maneira de evitar problemas na turbulência da adolescência.

Algumas décadas de prática no atendimento de famílias (além de ser mãe de um casal de filhos que já passaram por essa etapa) me mostram as questões mais frequentes:

  • Necessidade de ser escutado e compreendido – essa etapa é de grandes descobertas em relação ao mundo e às pessoas. Desenvolvem visão crítica sobre os acontecimentos e sobre o que as pessoas fazem, ampliam seus interesses e exploram novos temas. Pais curiosos e interessados em conhecer melhor essas descobertas escutam com atenção, fazem perguntas (e não interrogatórios) para entender os pontos de vista dos filhos e, com isso, conseguem expandir os temas de conversa em família. Pais que se apressam em dar sermões, criticar na base do “você está errado, não tem experiência de vida”, restringem o diálogo e promovem o afastamento.
  • Tempo de convívio – mesmo com as agendas cheias de compromissos, é possível criar tempo para conversas em particular ou com todos (na ida para a escola, no lanche de fim de semana em que todos vão para cozinha, em um programa que atraia o interesse de todos).
  • A dificuldade de equilibrar deveres e prazeres – a atração por videogames, redes sociais e outras brincadeiras é poderosa.  Quase sempre, o tempo reservado para o estudo e demais tarefas é invadido por essas atividades. É preciso haver acordos e limites bem claros para desenvolver hábitos de estudo, responsabilidade com os próprios pertences e cooperação com as tarefas domésticas.
  • Hábitos de autocuidado – em geral, os pré-adolescentes ainda não sabem cuidar bem de si mesmos com autonomia e, portanto, a orientação sobre tempo adequado de sono, alimentação, exercícios físicos e higiene pessoal continua sendo necessária, mesmo quando aparentemente eles se rebelem quanto a isso.