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Na gestação, uma vida começa a desabrochar (Fotografei em Santana dos Montes, MG)

Desde que comecei a escrever meu primeiro livro – Psicologia da Gravidez -, na década de 1970, tenho acompanhado a enorme evolução das pesquisas sobre a vida emocional do feto e da construção do vínculo com a família desde a gestação. A riqueza desses estudos é tão grande e a evolução do conhecimento dessa etapa da vida é tão rápida que já atualizei o livro quatro vezes!

Alguns aspectos que considero mais importantes para o bom desenvolvimento do ser que está sendo gestado e que repercute por toda a sua vida:

  • A gravidez acontece de várias formas: planejada, inesperada, após a perda de outras gestações, em momentos difíceis da vida. O novo ser se desenvolve no corpo da mulher, e isso mexe com as emoções e com a vida de quem está em volta. Por isso, costumo falar em “família grávida”. No decorrer da gestação, o preparo do espaço físico da casa para receber o novo habitante representa o processo de fazer um “espaço amoroso” no coração de mãe, pai, avós, irmãos, tios para acolher e cuidar do ser que vai nascer.
  • Diante de tantas mudanças, é natural sentir medo, ansiedade, insegurança. “Será que vou conseguir ser uma boa mãe (ou um bom pai)?” Fazer uma boa preparação para o parto e para a amamentação, buscar informações sobre como cuidar do recém-nascido e contar com pessoas que possam oferecer apoio pode dar tranquilidade para gestar com alegria, confiança e entusiasmo.
  • Muito do que acontece durante a gestação influencia o desenvolvimento futuro – as pesquisas mostram a importância de “tecer o amor” pelo filho desde o início da gestação. Isso inclui o cuidado que a mulher grávida precisa ter com sua própria alimentação (não fumar, não ingerir álcool ou outras drogas), “conversar” e cantar para o feto que, ainda no útero, consegue ouvir a voz da mãe.
  • Nosso cérebro é um “órgão social”, ou seja, nascemos programados para nos relacionarmos com outras pessoas. E isso pode ser estimulado a partir da gestação e no primeiro ano de vida. Todos os órgãos dos sentidos são importantes para perceber o amor. O recém-nascido precisa de ser olhado nos olhos, tocado com carinho, ouvir a voz das pessoas da família que falam diretamente com ele. Ainda não entende as palavras, mas é sensível ao tom de voz e à atenção que recebe. Consegue reconhecer o cheiro da mãe com poucos dias de vida, gosta do sabor de seu leite. Cada mamada é uma oportunidade de aprofundar o contato com o bebê. Cada troca de fralda, cada banho também. São os pequenos cuidados do dia a dia que vão tecendo o amor.