Esse é o título de um ótimo livro de Fred Luskin. Gostei das imagens que ele criou para ilustrar o espaço que damos aos sentimentos em nosso interior. Se imaginarmos nosso eu como uma casa, quantos cômodos alugamos para a mágoa, a alegria, a preocupação? Se imaginarmos nossa mente como um aparelho de TV, quais os canais que selecionamos com mais frequência? Para algumas pessoas, o controle remoto emperra no canal da mágoa, do rancor, do desejo de retaliar como vingança.
Conversei sobre esse tema na conversa com um grupo de amigos, que inspirou boas reflexões:
- Nem sempre conseguimos impedir que alguém nos faça mal. Mas sempre podemos escolher que espaço daremos para isso em nosso interior.
- Convivemos com ótimas pessoas, que nos dão apoio, que contribuem para nossa felicidade. Por que dar tanta importância a quem nos magoou?
- Dependendo da gravidade da ofensa, ser capaz de perdoar é um longo processo porque há ações que efetivamente nos causam prejuízo, por exemplo, no trabalho.
- A arte da felicidade: quando examinamos o problema sobre outra perspectiva podemos até compreender quem nos atacou. Um dos tipos de meditação budista sugere que a gente primeiro visualize uma pessoa de quem gostamos para desejar que ela fique bem. Em seguida, fazer o mesmo visualizando alguém que a gente conhece superficialmente e, por último, alguém de quem a gente não gosta ou com quem se tem um relacionamento difícil para, apesar de tudo, desejar que essa pessoa seja feliz e fique bem. Uau…
- A gente se sente mais leve ao perdoar em vez de ficar se torturando ao remoer cenas do passado. Perdoar não é esquecer, mas é não se prender ao que aconteceu e nem à pessoa que nos feriu.
- Como ninguém é perfeito, também já ferimos os sentimentos de outras pessoas.
- Além de aprender a perdoar, também é importante aprender a pedir perdão. Há quem sequer consiga pedir desculpas: acha que isso é humilhante, que equivale a se rebaixar ou a se submeter. Ou, então, pede desculpas justificando-se do próprio erro. Pior ainda é quando acusa o outro de tê-lo provocado. Isso mostra a dificuldade de reconhecer seus erros e fazer a reparação necessária para tentar restaurar o relacionamento.
- Verdade, perdão, reparação e reconciliação também são caminhos de reconstrução da sociedade. Isso aconteceu na África do Sul com o fim do regime opressor do apartheid, a partir da iniciativa de Nelson Mandela ao sair da prisão. Em vez de buscar vingança e retaliação pelas atrocidades cometidas, houve um esforço de transformar um país desunido em uma democracia multirracial.