Esse foi o tema do debate em um programa de rádio do qual participei. Há várias vertentes das crises, que podem se entrelaçar:
- Revisões pessoais (“É isso mesmo que eu quero para minha vida?”);
- Dúvidas com relação à parceria (“Será possível revitalizar essa relação tão desgastada, ou é melhor partir para outra?”)
- Reflexos da crise do contexto (“Com a recessão e a instabilidade política, a gente vive estressada e a paciência acaba”). A incerteza do cenário político/econômico, o alto índice de desemprego e o medo de perder o trabalho que ainda tem desestabilizam muitos relacionamentos.
A crise que enfrentamos no presente parece maior do que as que já atravessamos no decorrer da vida. Mas nem sempre é o que acontece. Por isso, vale lembrar de acontecimentos do passado em que superamos desafios significativos e refletir sobre eles:
- Que recursos foram utilizados? Como recorrer novamente a eles, além de formular novas estratégias para enfrentar a crise atual?
- Que tipo de ajuda foi mais eficaz no passado? A quem podemos recorrer agora?
- O que poderemos fazer para fortalecer a cumplicidade, a solidariedade, a ajuda recíproca?
Convém evitar mergulhar em lamentações, culpar, criticar, reclamar, queixar-se. Isso gasta a energia que precisa ser utilizada para atacar o problema, e não as pessoas. Por exemplo, flexibilizar as funções dentro de casa (quem faz o quê, quando um dos membros da família ficou desempregado); reorganizar o orçamento, criar alternativas; usar a criatividade e a capacidade amorosa para manter a chama afetiva acesa, apesar das intempéries.
Casais que passaram por várias crises e permaneceram juntos fizeram vários casamentos dentro do mesmo casamento, modificando pactos e acordos de convivência na medida em que as mudanças vão se apresentando a cada nova etapa do ciclo vital ou a partir do inesperado. “Sou casada há 40 anos e não posso dizer que conheço meu marido”, disse uma participante de um grupo de mulheres que coordenei. E não conhece mesmo! Da mesma forma que também é impossível conhecer inteiramente a nós mesmos. Novos aspectos do outro e de nós vão se revelando na sequência dos acontecimentos. Nós nos surpreendemos conosco e com aqueles com os quais convivemos (para o bem ou para o mal).
E em tempos de “amor líquido”, como dizia Bauman? A paixão tem prazo de validade, pode ou não conduzir ao caminho do amor. Na vitrine virtual, muitos escolhem parceiros pelos aplicativos de paquera como se fossem produtos a serem consumidos e rapidamente descartados. Vale refletir:
- Em que posso contribuir para formar e estabilizar um relacionamento?
- Fico esperando tudo do outro?
- Estou muito exigente e pouco tolerante?
- Insisto no padrão de sair com várias pessoas, eternamente na fase de “triagem”, sem conseguir formar um vínculo mais significativo por alimentar a ilusão de encontrar alguém melhor no contato seguinte?
Obrigada!!! Beijinhos!
Enviado do meu iPhone
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Espero que inspire boas reflexões!
Claro que seu texto suscita muitas reflexões! A vida em parceria, denominada casamento, pode ser um céu ou um inferno, dependendo das afinidades, tolerância mútua, e muito afeto recíproco, se cria um céu, o seu contrário um inferno!