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É interessante acompanhar o processo que se inicia com cuidar do bebê, evolui para a reciprocidade de cuidados entre pais e filhos adultos até, eventualmente, entrar na fase de os pais precisarem receber  cuidados dos filhos, quando adoecem já em idade avançada.

Como esse processo nem sempre evolui tão favoravelmente, é importante ver quais aspectos dos relacionamentos, além do amor, precisam ser nutridos na linha do tempo para que isso aconteça.

A relação com cada filho é única, não só pelas diferenças entre eles como também porque chegam em momentos distintos da vida dos pais, modificados inclusive pelas experiências com os filhos anteriores. Mas, em geral, o que os pais mais desejam é que seus filhos cresçam sendo capazes de tomar conta de si mesmos e de fazer boas escolhas. O que nem sempre acontece…

Na grandeza dos pequenos momentos do cotidiano é feita a tecelagem dos vínculos na família, em suas diversas composições (pais casados ou não, separados, em novas uniões, etc) a estimular o respeito pelos outros, o autoconhecimento, a empatia, a cooperação. Todos aprendem uns com os outros, quando se aprimora a qualidade de escuta que incentiva o hábito de “decidir em conjunto” sempre que surgem divergências de desejos, necessidades e pontos de vista. 

Os limites necessários podem convidar a criar alternativas possíveis (“Isso que você quer não dá, mas vamos descobrir o que você pode fazer”), os “combinados” promovem o respeito pelos acordos (“Lembre que você me disse que faria os deveres assim que acabasse esse vídeo! Então…”).

Na conversa com adolescentes em uma escola, conversávamos sobre respeito, e uma aluna me perguntou: “E quando os pais não respeitam os filhos?” De fato, respeito precisa ser uma via de mão dupla! Como psicoterapeuta de famílias, vejo famílias em que há excesso de crítica, depreciação, agressões verbais e físicas chegando ao ponto de inviabilizar um bom convívio. Muitas questões emocionais estão envolvidas nesses relacionamentos tão conflituados. Por exemplo: insegurança da mãe ao se ver envelhecer, ao passo que a filha desabrocha em beleza. A mistura de ciúme e inveja resulta em ataques maciços à autoestima da filha, em um contexto social que glorifica a beleza jovem. O pai que ataca impiedosamente o filho adolescente que se aliou à mãe após a separação do casal.

Canais de conversa preciosos se fecham quando predomina a dificuldade de “abrir o coração” para, desde que os filhos são pequenos, falar sobre o que percebemos que eles sentem e dizer o que sentimos com clareza, evitando as “palavras que batem” quando nos irritamos ou discordamos de alguns comportamentos. Na linha do tempo do relacionamento familiar, conhecer os outros e se conhecer é um processo interminável. Colocar limites, fazer “combinados”, decidir em conjunto são ações que nos levam a fazer revisões de nós mesmos e a nos modificarmos, na medida em que os filhos crescem e nos ensinam a lidar com eles.