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Conheci Sérgio Nardini, o “Pai de rodinhas”, em um encontro de escritores e gostei de ouvir seu relato amoroso sobre sua transformação desencadeada pela paternidade, descrita em detalhes em seu livro. Ele tem uma patologia neuromuscular progressiva, o que o torna dependente de cuidados, inclusive para se alimentar. Mas isso não o impediu de estudar, trabalhar como artista plástico, nutrir boas amizades, casar-se e ter uma filha.

“Ser pai tem sido mergulhar de cabeça num admirável e apaixonante mundo desconhecido”. “Na verdade, eu quero e tento exercer a paternidade exatamente como eu acho que ela deve ser exercida: com responsabilidade e participação ativa”.

A força de vida que o impulsiona, juntamente com o bom humor, faz de Sérgio uma pessoa carismática, que inspira muita gente.  Extraí de seu livro algumas frases que convidam à reflexão:

  • A dor é inevitável, mas o sofrimento é opcional – serenidade nos dias de tormenta e alegria nos dias de sol.
  • Se não for possível ser feliz, esteja feliz!
  • Não é o mais forte que sobrevive, nem o mais inteligente, mas o que melhor se adapta às mudanças.
  • A maior alquimia da vida é transformar simples momentos em grandes experiências.
  • Só há uma circunstância na vida em que você só segue adiante dando um passo para trás. É quando você está à beira de um abismo.

A questão é: Como é possível florescer como pessoa, mesmo em situações adversas?

Há tempos, li uma frase interessante: Diante das crises, você vai chorar ou vender lenços? O que fazemos com o que vida nos apresenta? Transformar dificuldades em oportunidades depende, fundamentalmente, da nossa atitude mental. Em síntese: não esmorecer diante das dificuldades.

Há uma grande diferença entre a postura de queixa/reclamação (“A vida foi injusta comigo”; “ninguém me dá oportunidades”) e a disposição de estar alerta para descobrir oportunidades, fazer novos projetos e criar recursos para realizá-los (“está difícil, mas não é impossível”).

“Depois que perdi tudo, o que me deixou no fundo do poço por um tempo, vi que preciso de pouco para viver bem” – ouvi de um ex-publicitário que atualmente trabalha como artista plástico em uma cidade do interior. Essa foi uma das dezenas de histórias de “crescimento pessoal pós-traumático”, que coletei no decorrer de dois anos, ao entrevistar 190 pessoas em mais de 20 cidades brasileiras para escrever meu livro “Construindo a felicidade”. O que há de comum nessas histórias? A capacidade de superação, o fortalecimento da resiliência para enfrentar as adversidades com disposição para buscar novos caminhos, utilizar habilidades para gerar trabalho quando se perde o emprego. Em síntese: fazer do limão uma saborosa limonada.

E mais: a atitude de fazer o melhor possível nas circunstâncias adversas melhora não apenas a vida da própria pessoa, mas de todos os que fazem parte do seu círculo de relações. Voltando ao “Pai de rodinhas”: sua filha, aos oito anos, cria mil jeitos de brincar com ele, de partilhar com alegria as atividades possíveis, e mostra a outras crianças como é se relacionar com um pai sem mobilidade física mas com plena capacidade de dar e receber amor.

Recomendo a leitura do livro! Pai de Rodinhas, de Sérgio Nardini, ed. Mogiana, 2019.