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Autoconhecimento, autocontrole, empatia, habilidade para construir e manter bons relacionamentos, ser capaz de tomar decisões com responsabilidade e cooperar. Essas são as principais competências socioemocionais que todos nós precisamos desenvolver no decorrer da vida!

Se você tem ataques de raiva frequentes, decide no impulso, acha que quem pensa diferente de você é seu adversário, reage com grosseria quando ouve opiniões diferentes das suas, constata que muita gente se afastou de você e, por isso, gostaria de melhorar sua competência socioemocional, não se desespere. Isso é possível! É bom saber que não somos imutáveis: com paciência, persistência, desejo de buscar caminhos de autoconhecimento e de respeito pela diversidade das pessoas você conseguirá conviver melhor com os outros e com você mesmo.

Estamos vivendo em um mundo com fantásticas possibilidades tecnológicas, que abrem portas ilimitadas às informações e permite conexões com pessoas de todos os cantos do planeta. No entanto, essas mesmas ferramentas estão intensificando a polarização e a radicalização, ressaltando o “nós contra eles” e a aversão à pluralidade de ideias, expressa nos incontáveis comentários agressivos, preconceituosos e impulsivos nas redes sociais.

Os pesquisadores que estudam o desenvolvimento integral de crianças e adolescentes apontam a necessidade de interligar as competências cognitivas e socioemocionais como requisito essencial para enfrentar os desafios do século XXI, com a crescente necessidade de cooperação e contribuição para o bem-estar coletivo.

Por isso, muitos países já criaram programas para promover o desenvolvimento das competências socioemocionais desde os primeiros anos de vida. No Brasil, nas Competências Gerais da Base Nacional Comum Curricular (BNCC), estão incluídas as socioemocionais. E o conhecimento precisa estar a serviço do desenvolvimento dessas competências.

Porém, para promover esse desenvolvimento em crianças e adolescentes, é preciso que os adultos também façam esse trabalho! Por exemplo, na escola: a sala de aula é um ambiente social e emocional muito complexo. Quando o professor desenvolve em si próprio essas competências, consegue construir seu bem-estar e ensinar melhor tudo isso. E na família: o dia a dia do convívio também oferece uma grande riqueza de oportunidades para que todos desenvolvam e aperfeiçoem as competências socioemocionais.

Muitos estudos mostram que a diferença entre escolas que conseguem estimular o bom desenvolvimento de crianças e adolescentes e as que não conseguem é o clima do convívio no espaço escolar e a qualidade do relacionamento entre professores e alunos.

A boa dinâmica da sala de aula depende do desenvolvimento dessas competências. É importante enfatizar que as emoções podem contribuir para a aprendizagem, mas também podem inibi-la, quando prejudicam a atenção e a memória. As competências socioemocionais começaram a ser mais valorizadas a partir do aumento da preocupação com a incidência de episódios de violência nas escolas, bullying e suicídios de adolescentes.

Um grupo de profissionais americanos criou a instituição CASEL (The Collaborative for Academic, Social and Emotional Learning) há algumas décadas. A missão desse grupo é disseminar o desenvolvimento das competências socioemocionais em escolas, desde a Educação Infantil até o Ensino Médio.

A equipe do CASEL identifica cinco competências fundamentais, que abarcam várias outras:

  • Autoconhecimento – conhecer suas próprias limitações e possibilidades (pontos fortes e fracos), com senso de confiança, otimismo e mentalidade de crescimento (“growth mindset”), segundo a qual, em qualquer idade, é possível desenvolver nossas inteligências e habilidades. Fortalecer a resiliência para superar obstáculos. Perceber o que acontece com seus sentimentos diante das situações que se apresentam. Identificar, entender, nomear e conversar sobre as emoções.
  • Autocontrole- Manejo do estresse, controle dos impulsos (aprender a parar, se acalmar e pensar, antes de reagir no “piloto automático” de modo intempestivo e rude), cuidar do corpo e da saúde, (alimentação, qualidade de vida), automotivação para alcançar objetivos (perseverança para não desistir diante das dificuldades, aprender com as frustrações), autodisciplina.
  • Consciência social – Empatia (perceber o ponto de vista dos outros), mostrar que entende como os outros se sentem, fazer leitura corporal, sentir e mostrar respeito pela diversidade de indivíduos e de grupos sociais. Conhecer o mundo em que vivemos e descobrir como podemos contribuir para as mudanças necessárias.
  • Habilidades de relacionamento – Saber ouvir com sensibilidade e se expressar com clareza, cooperar (pedir e oferecer ajuda), ser solidário, trabalhar em equipe, sabendo como ser produtivo no grupo, gerenciar conflitos. Construir e manter relacionamentos positivos.
  • Tomada de decisões com responsabilidade – fazer boas escolhas pessoais e sociais, sabendo como se comportar e interagir socialmente com ética e segurança, respeitando as regras do convívio social. Avaliar a situação e as consequências de seus próprios atos, para evitar decisões impulsivas. Ser capaz de reparar danos.