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Em uma roda de conversa com pessoas de diferentes áreas profissionais, a honestidade foi o tema escolhido para a troca de ideias. Para a maioria dos participantes, o que melhor sintetiza o conceito de honestidade é integridade, sinceridade e respeito pelos acordos feitos com os outros.

Os questionamentos pipocaram rapidamente. Todos nós usamos máscaras sociais: nem sempre convém ser sincero; dizer o que  verdadeiramente pensamos ou sentimos pode ser desastroso; coibimos a espontaneidade das crianças ensinando que não podem dizer que detestaram o presente que ganharam nem dizer que o nariz da pessoa que acabaram de conhecer é horroroso. Não dá para ser 100% honesto…

E quando somos honestos com o que sentimos e, ao mesmo tempo, considerados desonestos por romper um contrato com outra pessoa? Um homem casado, que se apaixona por outra mulher sem deixar de gostar da sua esposa, decide manter os dois relacionamentos. Ele está sendo íntegro com seus sentimentos, mas desonesto com sua companheira, em uma sociedade que valoriza o contrato monogâmico. Em outro contexto social, manter os dois relacionamentos não seria visto como conduta desonesta.

Quando optamos por condutas desonestas, criamos bons argumentos para mitigar o sentimento de culpa e o desconforto pela transgressão. Profissionais liberais que não declaram a totalidade de seus rendimentos tentam apaziguar sua consciência dizendo que pagariam o imposto de renda de bom grado se não vivessem em um país com tanta corrupção, desvio de verbas e baixa qualidade de serviços públicos. Muitos internalizam a tendência a definir como “esperto” quem consegue enganar os outros e a considerar “otário” quem é muito certinho (“Ah, me dei bem, o vendedor errou o troco a meu favor e eu embolsei a grana”). Por outro lado, muitos confessam que sentem prazer em transgredir os padrões morais cultuados pela sociedade em que vivem.

Pais e educadores acham difícil a tarefa de transmitir o valor da honestidade para crianças e adolescentes que acompanham o noticiário recheado de notícias de corrupção e uso indevido do dinheiro público sem que haja qualquer tipo de punição. Essa reflexão gerou a pergunta: É possível sobreviver como  um político ou um empresário honesto em um ambiente em que predominam conchavos e a prática do “toma-lá-dá-cá”? Como acreditar no valor da honestidade em contextos em que a impunidade floresce e “tudo acaba em pizza”, gerando um sentimento crescente de desalento com a atuação do Judiciário?

A comunidade científica se abala com o percentual de artigos publicados em revistas bem conceituadas que, posteriormente, são considerados fraudulentos. Dados de pesquisas são distorcidos para  atender a interesses da indústria farmacêutica ou à necessidade de aumentar a produção acadêmica que favorece a ascensão profissional. A honestidade fica relegada a segundo plano quando predomina a competição pelo “status” na comunidade de pesquisadores ou o interesse financeiro, como se os fins justificassem os meios. No entanto, a honestidade é o alicerce da confiança nos relacionamentos e da credibilidade das instituições.