– Meu fim de semana foi horrível! – queixa-se Amanda.
– O que aconteceu? – pergunto para a menina, que acabou de completar dez anos.
– Ah, no sábado, fui para a casa de uma amiga, aí fomos tomar banho de piscina no clube e fizemos guerra de travesseiros na hora de dormir. No dia seguinte, meus pais me pegaram lá e fomos para a praia, almoçamos numa churrascaria mas, à noite, eu pedi para eles me levarem na minha lanchonete preferida, eles disseram que estavam cansados e ficamos em casa. Eu tenho os piores pais do mundo! – choramingou Amanda.
As pessoas felizes valorizam o que está ao seu alcance; as infelizes lamentam o que falta. Para onde dirigimos nosso olhar? Conseguimos reconhecer e agradecer o que recebemos? Ou deixamos que a revolta e a insatisfação tomem conta de nós, como acontece com Amanda, que olha a frustração com lentes de aumento e desqualifica os momentos prazerosos?
Todos os dias acontecem muitas coisas em nossas vidas. Somos nós que selecionamos o que vamos olhar prioritariamente. Com isso, modelamos nossa realidade. Quando mudamos a maneira de olhar, mudamos a maneira de sentir e de agir. Daí, temos o poder de construir felicidade ou insatisfação crônica.
E isso não depende de situação econômica. Lembro-me da visita a uma comunidade ribeirinha no interior da Amazônia, em que as pessoas, muito pobres, se reuniam todos os sábados em um centro comunitário para conversar, cantar, dançar. Conversei com algumas, que me disseram que se sentiam felizes, apesar de viverem com pouquíssimo dinheiro.
Muitos dizem que serão felizes quando conseguirem comprar um apartamento ou um carro. Quando essa meta é atingida, colocam outra e continuam adiando a felicidade. Quando condicionamos a construção da felicidade a padrões externos de sucesso ou à aquisição de bens materiais, corremos o risco de esperar alcançar mais e mais. E esquecemos que os momentos felizes dependem da nossa escolha de olhar para a grandeza das pequenas coisas, de apreciar a beleza de uma paisagem, de aproveitar o encontro com pessoas de quem gostamos, de agradecer os presentes que a vida nos traz.
Excelente abordagem.
Às vezes as agruras do dia a dia não permitem que façamos um mergulho nas profundezas do ser para perceber que a felicidade está nas coisas simples vida e dentro de nós mesmos.
Um abraço
É isso, Eliezer, as agruras podem ocupar um espaço indevido em nossas vidas. É importante sempre trabalhar nosso olhar para a beleza da simplicidade.