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Cratera fumegante do vulcão Poas, que fotografei em San José, Costa Rica.

– O que fazer com um menino de sete anos que tenta bater na professora e joga objetos em cima dos colegas?

– A gente percebe que muitas crianças ficam com raiva quando são contrariadas, mas há algumas que estão sempre enraivecidas, não são explosões isoladas.

– E quando a criança nunca assume a responsabilidade por suas agressões? Diz que foi o colega quem o provocou, ele não fez nada…

A consultoria com um grupo de educadores gerou reflexões muito interessantes sobre relacionamentos na família e na escola. Como aprender a tomar conta da raiva antes que ela tome conta de nós? Muitos adultos ainda não completaram esse processo do autocontrole e são explosivos e até mesmo violentos, com seus parceiros amorosos e com seus próprios filhos. A violência é uma linguagem aprendida, na própria família e em muitas comunidades, e a criança a reproduz no ambiente escolar.

– Tia, por que você só conversa, e não bate na gente? – foi a pergunta de uma menina de sete anos para sua professora. Vinha de uma família em que a força do braço era mais utilizada do que a força da palavra, para colocar os limites necessários para a aprendizagem da autorregulação.

– No início do ano passado, um de meus alunos era muito agitado e agressivo com os colegas. Como trabalhamos com “combinados” na turma, muitos desses comportamentos eram inaceitáveis. Eu era firme porém afetiva com o menino, e os colegas também agiram desse modo. No final do ano, ele estava muito mais calmo – relatou uma educadora.

Trabalhar casos individuais coletivamente é um ótimo recurso dentro das salas de aula. Distinguir entre maneiras aceitáveis e inaceitáveis de expressar raiva e desagrado é algo que todos nós precisamos aprender para conviver respeitosamente com os outros. Perceber como contribuímos para o que acontece no relacionamento e assumir a responsabilidade pelos próprios atos é um aspecto básico da inteligência social. Há escolas que adotam “rodas de conversa” ou “círculos de justiça restaurativa” para que os alunos, desde cedo, desenvolvam recursos para gerenciar conflitos, de modo que as divergências não resultem em escalada de agressões recíprocas.