É o dilema de muitos pais de adolescentes. Falam da preocupação com os perigos do mundo, e da sensação de impotência por ser praticamente impossível acompanhar a vida dos filhos nas inúmeras redes sociais. Ficam boquiabertos quando descobrem conversas, fotos ou vídeos que revelam cenas ousadas de sexo das filhas que mal entraram na adolescência. Temem permitir a ida a uma festa sobre a qual não há muitas informações além do argumento “todas as minhas amigas vão” e nunca mais conseguirem dizer “não” a outras demandas semelhantes.
“Eu te odeio, quero que você morra!” – É a reação intempestiva diante de um desejo negado. Depois que a raiva acalmar, chegará a hora de conversar. Lembrar que os pais são amorosa e legalmente responsáveis pelo filho, que ainda está em processo de desenvolver autoproteção e percepção de riscos. Mostrar que entendem que, nessa época, o desejo e a impulsividade são muito mais intensos que o raciocínio e a cautela. E que, por isso, perder uma festa “cheia de gente bonita” é uma tragédia de grandes proporções.
No entanto, se ainda precisam que os pais os mandem estudar, arrumar o quarto e realizar outras tarefas de colaboração na casa, como podem mostrar que são realmente capazes de cuidarem bem de si mesmos? Liberdade e responsabilidade precisam andar juntas!
O quanto proteger e o quanto estimular a autonomia é uma dinâmica que acompanha todo o desenvolvimento: soltar a mão mesmo que a criancinha não se sustente totalmente para andar; deixar a criança entrar no elevador sem a companhia de um adulto, passar um fim de semana na casa de amigos, locomover-se pela cidade usando o transporte público.
Muitos pais se sentem inseguros na transição entre uma etapa e outra. Temem ser superprotetores ou, por outro lado, dar liberdade antes do tempo apropriado. Quando buscam parâmetros observando outras famílias, ficam confusos ao verem que muitos pais deixam os filhos adolescentes completamente soltos no mundo, enquanto outros monitoram cada passo pelo celular.
Conversas, “combinados”, escutar atentamente o ponto de vista dos filhos e a observação de que cada criança e adolescente progride no processo de autocuidado com ritmo próprio são caminhos eficazes para colocar limites protetores e acompanhar o desenvolvimento da autonomia.