A habilidade de compreender o que o outro sente imaginando-se em seu lugar pode começar a ser desenvolvida nos primeiros anos de vida.
No início da década de 1990, pesquisadores de neurociência descobriram os “neurônios-espelho”, a base neurofisiológica da empatia. Eles já são atuantes no cérebro das crianças pequenas e podemos estimular seu potencial cultivando a gentileza e a percepção do outro a partir dos 18 meses de idade. “Seu amigo vai ficar contente se você der a ele um biscoito” ou, ao contrário, “seu amigo ficou chateado porque você bateu nele, peça desculpas”.
Embora a criança pequena ainda se veja como centro do mundo e queira que tudo gire em torno dos seus desejos, começa a desenvolver a capacidade de ver que os outros também existem com seus próprios desejos e necessidades que precisarão ser levados em consideração.
O desenvolvimento da empatia e o respeito pelas diferenças marcam a transição do “eu” para o “nós” e são alicerces fundamentais da capacidade de resolver conflitos de modo justo e equilibrado.
Para viver em um mundo de diferenças onde tudo e todos estão interconectados, a empatia será cada vez mais indispensável. Caso contrário, veremos o aumento da intolerância, do preconceito e de ações de discriminação.
Carl Rogers, que idealizou a “terapia centrada na pessoa” falava da importância de psicoterapeutas e educadores desenvolverem a compreensão empática, que permite o mergulho na subjetividade do outro, para perceber como ele vê o mundo. Quando interagimos com alguém que nos compreende com empatia, nos sentimos acolhidos e respeitados.
A escuta atenta e sensível do ponto de vista do outro é um requisito essencial para o exercício da empatia. Essa qualidade de escuta e a habilidade de expressar com clareza nosso próprio ponto de vista podem ser desenvolvidas no decorrer da vida e são os principais recursos para a solução de conflitos. Com isso, conseguimos perceber os pontos em comum mesmo quando há grandes divergências e construir a base para os acordos de bom convívio.