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Crises conjugais apresentam caminhos difíceis de percorrer. (Fotografei no deserto do Atacama, Chile).

Crises conjugais apresentam caminhos difíceis de percorrer. (Fotografei no deserto do Atacama, Chile).

Naiara achava que seu casamento de quinze anos com Helvécio era perfeito. Até o dia em que leu as mensagens românticas que ele trocava com Cristiane no celular que esquecera no sofá da sala, antes de sair para o trabalho.

Ela me ligou, perplexa, sem saber o que fazer:

– Estou arrasada! Tudo aquilo em que eu acreditava desabou em um segundo! Será que ele não pensou que isso poderia colocar em risco o nosso casamento? Como eu pude ser tão burra para nem sequer desconfiar que ele estava tendo um caso? Pelo que li nas mensagens isso não começou ontem! Não é uma transa qualquer, é um envolvimento! Como é que ele teve a coragem de fazer isso comigo? Com tudo o que construímos juntos durante todo esse tempo? E agora? Digo para ele sair de casa? Mas eu nunca pensei em me separar… – As palavras saíam aos borbotões entre soluços e lágrimas de raiva e dor.

Algumas reflexões importantes surgiram em nossa conversa. O mais importante: podemos escolher o que fazer com o que fazem conosco. Naiara poderia escolher confrontar Helvécio e dizer que a infidelidade para ela significava o fim do casamento. Poderia decidir não mencionar sua descoberta e aguardar o término do relacionamento extraconjugal. Na base do “olho por olho, dente por dente” poderia quebrar internamente o pacto de monogamia e ter um caso com Edvaldo, um namorado da adolescência que reencontrara em uma festa e que havia se separado recentemente.

Naiara precisou juntar forças para rever a ilusão de “casamento perfeito”, optar por encarar o problema de frente com Helvécio, admitir que aquele casamento estava terminado. Em meio à dor, perplexidade, arrependimento, tristeza e raiva, os dois descobriram o desejo de construir um novo casamento ao constatarem que o que inicialmente os aproximara ainda permanecia importante. O caminho foi cheio de percalços: dúvidas, desconfiança, medo de novos episódios de traição, insegurança. Mas a revitalização aconteceu.

Tempos depois, Naiara sintetizou o que aconteceu nessa caminhada: “Nosso casamento deixou de ser perfeito, e está ótimo”!