Trocando ideias com uma médica de adolescentes e com a diretora de uma escola, a constatação inquietante: assim como eu, elas também observam, em muitas famílias, pouca disponibilidade para acompanhar o crescimento dos filhos com a devida atenção.
Há pais que não se dão ao trabalho de levar o filho ao pediatra, e jamais encontram tempo para comparecer às reuniões escolares. Curiosamente, não faltam recursos nem espaço na agenda para gastar em viagens e em incontáveis idas ao shopping para comprar supérfluos.
Adiam indefinidamente o início de tratamentos especializados, indicados pelo médico ou pela equipe escolar que percebe dificuldades de aprendizagem ou problemas emocionais. “É caro, vai sobrecarregar o orçamento doméstico”; “Isso vai passar com o tempo”. Mas o quarto do filho continua entulhado de brinquedos, roupas e aparelhos de última geração. As megafestas de aniversário não podem deixar de ser feitas: para isso não falta dinheiro.
Não há tempo para conversas, nem para o encontro familiar na mesa de refeições ou no sofá da sala. Além da sobrecarga de trabalho dos adultos e de atividades fora do horário escolar para as crianças e os adolescentes, há o apelo irresistível das redes sociais e de outros tipos de entretenimento dentro e fora de casa. “Trabalhamos muito para manter um bom padrão de vida”. O que é isso? É ter mais dinheiro para comprar coisas que, de fato, não são essenciais?
Tempo para abraçar, olhar nos olhos, conversar na hora de dormir. Estar atento às modulações do tom de voz, da expressão do rosto, da postura corporal. Captar o que não é dito com palavras. Cultivar os valores fundamentais do convívio (gentileza, cooperação, respeito pelo outro). Perceber que, ao entrar em casa com o cansaço de um dia de trabalho, é possível relaxar brincando ou conversando com os filhos, em vez de aliviar o estresse com um copo de bebida alcóolica na mão e o olho na tela da TV.
O ato de cuidar e de acompanhar o desenvolvimento – que se expressa em breves momentos, em pequenos gestos, na simplicidade do cotidiano – traz o encantamento de perceber como os filhos evoluem e como o vínculo se enriquece com a tecelagem amorosa do carinho essencial.
Ser é mais importante do que ter
É melhor ter tempo para conversar
Do que dinheiro para comprar o que mal vamos usar.
Amiga tanta…. também quero a vida assim e tento estar nesse lugar e dele falar aos meus.
Beijo muito saudoso.
LAM.
Querido amigo de muitas décadas, cuidador de tantos, que acompanha a trajetória de vida de muita gente que passa a viver melhor com a tua colaboração! Beijo carinhoso
Essa é a minha peleja Maria Tereza, dar aos meus filhos o que realmente é necessário.
Um abraço
Peleja dura, Eliezer, diante da enxurrada de propaganda que procura criar necessidades e aguçar os desejos inclusive das crianças, que passam a pressionar os adultos para ir às compras!
Com aguçada percepção e a sensibilidade de sempre, você toca nos pontos essenciais para melhor pensar a vida. Excelente! Maria Cecilia Cury
Obrigada, querida! Penso que todos nós precisamos sempre pensar no que é realmente essencial.