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Na “selva” das rápidas mudanças, é um desafio construir pontes entre as diversas gerações (Fotografei na Costa Rica)

 

Soraia se inquieta sempre que vê os filhos, de nove e onze anos, às gargalhadas, compartilhando fones de ouvido e vendo vídeos que contam com milhões de acessos e curtidas. “Fico horrorizada com a quantidade de besteiras, palavrões, letras de música que depreciam as mulheres, erros grosseiros de português. Não acho graça nenhuma, mas é isso que a garotada está vendo e gosta” – desabafa, preocupada.

É possível instalar filtros nos computadores da casa para bloquear conteúdos impróprios, há como coibir o uso de redes sociais antes da faixa etária recomendada, mas não dá para controlar totalmente o acesso aos infindáveis conteúdos disponíveis nos canais de vídeos e nem saber o que os amigos dos filhos estão compartilhando a partir dos respectivos celulares.

Só mesmo a conversa em família poderá estimular as crianças a selecionar o que será visto, refinar o espírito crítico e aguçar a percepção de mensagens de discriminação e preconceito. Para transformar conversas difíceis em diálogos eficazes é preciso olho no olho, liberdade para expressar argumentos contrários e a favor, escuta respeitosa dos diferentes pontos de vista. Trilhando esses caminhos, será possível chegar a consensos importantes.

Também é preciso considerar que muitas crianças e adolescentes desenvolvem precocemente habilidades para produzir conteúdo e logo aprendem a encontrar canais eficientes de divulgação. Com isso, contam com milhares de seguidores e alguns passam a ser patrocinados por empresas em busca de incrementar as vendas de seus produtos. Isso também preocupa Soraia: “Meu filho mais novo argumenta: “Mãe, esse cara aqui tem 18 anos e ficou rico fazendo esse tipo de vídeos que você diz que é besteira! Ele nem precisa mais estudar”! É difícil convencer as crianças de que esse “sucesso instantâneo” quase sempre resulta em um ocaso rápido. Os fãs da “celebridade”, que lotam imensos auditórios e fazem filas quilométricas para conseguir um autógrafo, em pouco tempo elegem outro ídolo, cuja fama será igualmente efêmera.

Celulares e computadores são poderosos: mudaram nossa maneira de viver, de aprender e de nos comunicarmos uns com os outros. Quando usados em excesso, criam a ilusão de estarmos conectados quando, na verdade, estamos solitários na multidão de contatos.

Decidir, em família, como aproveitar os benefícios da tecnologia e como evitar os riscos do uso excessivo ou inadequado é um dos grandes desafios da contemporaneidade.