A conversa sobre esse tema com um grupo de amigos teve como ponto de partida comentários sobre o filme O quarto de Jack, que narra a história de uma mulher mantida em cativeiro, e que engravida de seu sequestrador. Precisa reconstruir e redefinir sua vida para cuidar do desenvolvimento do filho da melhor forma possível em circunstâncias tão terríveis. Quando, finalmente, consegue fugir com o menino, então com cinco anos, ambos precisam reconstruir, redefinir e dar novos significados à vida a partir do contato com o mundo fora do quarto. Tarefa que se revela mais difícil para a mãe do que para a criança, e que também envolve a reconstrução e a redefinição dos vínculos com a família extensa após sete anos de convívio interrompido.
Nos relacionamentos afetivos, perdas e separações também acarretam reconstruções e redefinições. Há casais que, diante do desemprego de um deles, redefine funções no cuidado da casa e dos filhos, além de reconfigurar o orçamento doméstico. Nos casos de divórcio e viuvez, a família passa pelo processo de reconstrução e redefinição da composição familiar. É preciso investir esforços para construir bons caminhos a partir dessas mudanças, em vez de gastar energia vital em queixas e lamentos que prolongam o sofrimento e nos afundam na imobilidade.
A vida nos apresenta uma diversidade de problemas e desafios a serem enfrentados. Casos de superação para encontrar novos rumos a partir de um acidente, como o que aconteceu com um jovem que sofreu amputação de suas pernas e conseguiu ser atleta. Um número crescente de refugiados de países em guerra, barrados nas fronteiras, deportados, buscando rotas alternativas que demandam semanas de caminhadas em regiões inóspitas, movidos pela esperança de redefinir suas vidas. Cidades e países devastados que precisam se reconstruir após guerras ou desastres climáticos.
É preciso cultivar a flexibilidade para fazer os ajustes necessários, para não enrijecer no lugar do qual acredita não poder sair, como aconteceu com um livreiro que, ao acumular prejuízos, teve de fechar sua livraria e, deprimido, afirmava não saber fazer outra coisa na vida, nem mesmo vender livros em praças. Milhares de pessoas que subitamente perdem seus empregos e não conseguem se recolocar na mesma área precisam redefinir caminhos de trabalho, como acontece com muitos taxistas e outros prestadores de serviços.
Fechar um ciclo, abrir outro: no decorrer da vida, muitos escolhem voluntariamente mudar de rumo, redefinir metas, encontrar novos significados. Uma amiga querida encerrou seu ciclo como psicoterapeuta e passou a criar orquídeas. Em viagens a santuários ecológicos, como a Chapada Diamantina e a Chapada dos Guimarães, conheci alguns donos de pousadas e restaurantes que eram executivos do mercado financeiro: escolheram viver fora do estresse dos grandes centros urbanos e da enorme pressão que seus cargos lhes impunham para viver em contextos que lhes propiciam maior tranquilidade e a possibilidade de viver melhor com menos dinheiro.
Maria Tereza oi. Acredito que estamos sempre em construção… e reconstrução… “Fechar um ciclo, abrir outro: no decorrer da vida, muitos escolhem voluntariamente mudar de rumo, redefinir metas, encontrar novos significados” , acontece com mais facilidade quando vamos amadurecendo. Nos desafios da vida é preciso ter coragem para enxergar o que precisa ser mudado. Mudar o rumo! Senão a vida se encarregará de tomar providências para que o novo aconteça. Afaste o medo, saia da zona de conforto e construa uma nova história. Bjs.
É isso aí, Bia! Podemos viver muitas vidas em uma só!