Sobrecarga de tarefas e compromissos, problemas na família e/ou no trabalho, preocupação com a economia em recessão, malabarismos com o orçamento doméstico. Sobram fontes de estresse na vida de muita gente. As pessoas que conversam comigo sobre sua exaustão, me perguntam: Como restaurar o equilíbrio?
Gosto de trabalhar com a estratégia de pequenas e progressivas mudanças no cotidiano, para construir o bem-estar mesmo em cenários turbulentos. Para algumas pessoas, é útil escrever quais são os problemas e criar estratégias para solucioná-los, começando por estabelecer prioridades. Por onde começar, por exemplo, a reorganizar o orçamento doméstico? Ou reduzir o tempo gasto em atividades que, na verdade, não são essenciais? Pensar também com quem seria útil trocar ideias. Se está com sobrecarga de tarefas, decidir o que pode deixar de fazer e como conseguir mais cooperação, por exemplo, das pessoas da casa (especialmente dos filhos que não costumam participar das tarefas domésticas).
Há quem pense que cuidar bem de si é egoísmo. Mas, para cuidar bem dos outros, não podemos nos abandonar ou nos colocarmos no último lugar da fila. Com múltiplas exigências e enfrentando várias dificuldades, acumulamos estresse e ficamos à beira da exaustão. Que atividades nos ajudam a descarregar estresse? “Não tenho tempo para fazer ginástica”, mas que tal dançar em casa, até com as crianças que adoram fazer isso? Alguns minutos contemplando o céu, nuvens, pássaros, árvores, agradecendo a vida. Em qualquer momento do dia, respirar fundo três vezes também é eficaz para relaxar. O importante é criar tempo e condições para expandir, pouco a pouco, ações eficazes para construir o bem-estar.
Alimentar preocupações e pensamentos catastróficos (imaginar que sempre acontecerá o pior) contribui para o estresse crônico que conduz à exaustão e nos adoece. Muita gente tece enredos tenebrosos de sua vida futura, como se tudo que é temido fosse realmente acontecer. “Morro de medo de ficar viúva, sou muito dependente dele, minha vida ficará um caos”. Esse caos é imaginado em detalhes, trazendo muito sofrimento. Ela pode morrer antes dele, ela pode desenvolver autonomia que fortalecerá a confiança de gerenciar a própria vida, entre outras possibilidades. É útil desenvolver uma conversa interna, em que seja possível questionar o medo e pensar em cenários mais favoráveis. Examinar a qualidade de nossos pensamentos pode abrir espaço para construir bem-estar.
Belo texto. Eu mesmo já passei e passo por situações deste tipo, porém utilizei de alguns destes recursos que me fizeram muito bem. Acredito que estas queixas são compartilhadas pelo todos nós nos dias atuais, com maior ou menor carga, em diferentes setores, mas sempre com um peso relativo sobre nossa qualidade de vida e nosso mundo emocional.
Tenho visto e ouvido clientes e amigos reclamarem das mesmas coisas. Muitos não buscaram ainda o recurso da psicoterapia.
Neste caso, acho muito viável e apoio quem busque um amigo com quem possa se abrir e falar de suas preocupações e sofrimento.
Nós, psicoterapeutas, temos uma preparação para escutar a queixa, porém, sabemos quão confortante é ser ouvido por alguém próximo, um colega do trabalho, um familiar que nos ajuda a dividir as tarefas e que de certa forma nos fortalece para seguir em frente e tentar alternativas que minimizem o cansaço e a preocupação.
Qualidade de vida, em todos os aspectos, é essencial a todos nós e uma escuta profissional pode nos ajudar a identificar todos estes “fantasmas” do cotidiano.
Falar continua sendo um excelente remédio.
Abraço e bom trabalho.
Parabéns pelos textos, Maria Teresa.
Obrigada, André! Precisamos mesmo criar recursos para lidar com os desafios que a vida nos apresenta!