Após a tecelagem do vínculo na gestação, chega a hora do parto. Como contribuir para que essa experiência seja a melhor possível para toda a família? Como assegurar a melhor recepção ao novo ser que acaba de chegar no mundo fora do útero materno?
A OMS (Organização Mundial de Saúde) acabou de publicar um documento contendo recomendações para que as equipes assistenciais favoreçam uma experiência positiva de parto para todas as mulheres. Destaco o que, para mim, foram aspectos importantes:
- A maioria de cerca de 140 milhões de partos por ano em todo o mundo apresenta baixo risco de complicações tanto para as mulheres quanto para seus bebês. No entanto, há algumas décadas, aumentam as práticas de utilizar recursos para induzir, acelerar e controlar o processo fisiológico do trabalho de parto e fazer cesarianas desnecessárias. A medicalização excessiva subestima a capacidade da mulher de dar à luz e traz um impacto negativo para a experiência do parto, relegando a segundo plano a realidade de que o parto é um processo fisiológico que ocorre sem complicações para a imensa maioria das mulheres e dos bebês.
- Por isso, o objetivo das recomendações propostas pela OMS é melhorar a qualidade da assistência ao parto para resultar em experiências positivas dentro de um contexto seguro.
- A presença de uma pessoa escolhida pela parturiente no decorrer do trabalho de parto/nascimento/pós-parto é uma recomendação fundamental. Essa pessoa (companheiro/a, mãe, amiga, doula) pode oferecer o necessário suporte emocional.
- Não é recomendado fazer rotineiramente a raspagem dos pelos pubianos e nem lavagem intestinal.
- Técnicas de respiração e relaxamento, música, massagens, compressas quentes são úteis para reduzir a ansiedade e aliviar a dor, de acordo com as preferências da parturiente, assim como algumas opções de analgesia.
- Liberdade para se movimentar, caminhar e adotar posições verticais no parto também é recomendável, de acordo com as preferências da parturiente.
- A episiotomia de rotina não é recomendada no parto vaginal espontâneo, e pode ser substituída por massagem perineal e compressas quentes para relaxar e ampliar o canal de parto.
- Cortar o cordão umbilical somente, no mínimo, um minuto após o nascimento.
- O recém-nascido saudável deve ser mantido em contato pele a pele com a mãe na primeira hora após o nascimento, para prevenir hipotermia e favorecer o aleitamento.
- Mãe e bebê devem permanecer em alojamento conjunto 24 horas por dia.
Ter um filho é uma experiência transformadora. Os primeiros mil dias (desde a concepção até o segundo ano de vida) formam o alicerce do novo ser, com repercussões importantes no longo prazo. Cuidar da “família grávida” e da tecelagem do vínculo amoroso é prioritário para a construção de uma sociedade mais harmoniosa.
Para quem quiser ler o documento completo:
WHO recommendations- Intrapartum care for a positive childbirth experience
Gostaria de ter maiores informações…
Olá Silvana! O link do documento completo que acabou de ser publicado pela OMS está no final do texto. Além disso, meu livro Psicologia da gravidez (editora Ideias & Letras) também aborda o tema e tem muitas referências bibliográficas.