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Um lago de carpas que fotografei em Sydney, Austrália.

Um lago de carpas que fotografei em Sydney, Austrália.

Felizmente, a maioria das gestações evolui normalmente, a criança nasce e se desenvolve bem! “Gravidez não é doença”, como muitos costumam dizer quando a mulher se queixa repetidamente de enjoo, vômitos, sono excessivo, aumento da irritabilidade, cansaço, alterações do desejo sexual, ansiedade com relação ao parto, medo de que o bebê nasça com problemas. Por outro lado, algumas gestantes que se sentem bem dispostas e cheias de vitalidade repetem essa frase quando se deparam com pessoas que querem convencê-las a reduzir o ritmo frenético de trabalho, a aliviar a sobrecarga da agenda social e a evitar atividades físicas exaustivas.

Mas a vida muda, e a gestante também, quando começa a “tecer uma nova pessoa”. Em vez de se assustar com a mudança a ponto de querer negá-la (“por que não posso manter o ritmo de sempre e continuar fazendo as mesmas coisas?”), pode celebrar essa mudança e gestar novos aspectos de si mesma enquanto um novo ser se desenvolve em seu útero.

Os estudos da neurociência e da psicologia pré-natal mostram, com clareza crescente, que a gestante está literalmente “tecendo” o feto, influenciando o seu desenvolvimento com as emoções que vivencia, com a beleza que contempla, com a nutrição que escolhe (os alimentos que ingere a cada refeição e também os relacionamentos afetivos com pessoas significativas), com a aceitação do ritmo e das transformações do corpo grávido.

O conceito de “feto competente” e o entendimento de que o cérebro é um órgão social mostra que os vínculos afetivos começam a se formar ainda na gestação. A riqueza sensorial se amplia no decorrer da gravidez, permitindo a interação do feto com a voz da mãe, com os ruídos do interior de seu corpo, e até mesmo com experiências pelas quais ela passa. A presença proporcionada pelos inúmeros momentos de conexão profunda constrói um sólido alicerce do vínculo amoroso, contribuindo para o bom desenvolvimento do feto e para o amadurecimento da mulher que está se gestando como mãe.

Sair do ritmo frenético de atividades incessantes abre oportunidades fantásticas de perceber a grandeza dos pequenos momentos em que a grávida mergulha em si mesma para fazer uma conexão com seu eu mais profundo e com o ser que habita suas entranhas. Conversar com o feto, cantar para ele, contar histórias, ou simplesmente se conectar com ele em silêncio afetuoso promove uma rica tecelagem de conexões neurais que forma os alicerces de uma pessoa sensível e empática. Por isso, “gravidez não é doença, mas precisa de presença”.