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El Capitán, o maior monólito do mundo, que fotografei no Yosemite National Park, Califórnia.

El Capitán, o maior monólito do mundo, que fotografei no Yosemite National Park, Califórnia.

Edna frequentemente diz que está exausta, mas prefere que o marido e os filhos acumulem copos e pratos sujos na pia da cozinha, afirmando que nem a máquina de lavar louça lava melhor do que ela. Sofre, mas não abre mão do controle e do poder que exerce na administração da casa.

“Tenho minhas convicções”, afirma Fabiano nas conversas com amigos e colegas de trabalho quando questionam sua recusa sistemática para rever ou reavaliar suas posições. “Não dou o braço a torcer” revela orgulho, vaidade, inflexibilidade, rigidez, medo de perder suas próprias feições com possíveis mudanças, até mesmo de uma simples opinião. Maria Lúcia, companheira de Fabiano, ainda mantém a esperança de convencê-lo a mudar, apesar de, a cada conversa ou discussão acalorada, ele afirmar que é “assim mesmo” e que ela tem de aceitá-lo do jeito que é. Diante de tantos impasses, Maria Lucia acumula insatisfação nesse relacionamento, mas teme aventurar-se por territórios desconhecidos. Então, mesmo desalentada e frustrada, permanece com Fabiano.

A casca grossa da resistência à mudança tenta esconder a fragilidade e o medo de perder o território conquistado. Ficamos imobilizados em aparentes certezas, reprimindo o desejo de construir novos caminhos na medida em que a vida apresenta diversas possibilidades.

Bené Brown é uma professora da Universidade de Houston que pesquisa vulnerabilidade, vergonha e coragem. Em sua excelente palestra TED sobre o poder da vulnerabilidade, ela diz que precisamos criar coragem para realmente acreditar que somos imperfeitos. Ao acolher nossa fragilidade, em vez de lutar contra ela, desenvolvemos compaixão para conosco mesmos e para com os outros. É o poder da vulnerabilidade que nos permite ousar ser criativos e entrarmos em relacionamentos afetivos profundos, sem esperar qualquer tipo de garantia. Quando lutamos contra nossa fragilidade, tentamos nos acolchoar contra o sofrimento e criamos resistência à mudança. Mas, como esse processo não é seletivo, acabamos também amortecendo a capacidade de sentir alegria, gratidão, felicidade.

Somos muito competentes para algumas coisas, medíocres para muitas outras e incompetentes para a maioria. Quando acolhemos dentro de nós a força e a fragilidade conseguimos caminhar melhor pelas trilhas da vida, em mundo vulnerável.

E, às vezes, temos de fazer escolhas ousadas

Vencendo o medo da mudança

Para sair da acomodação!