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A diversidade de folhagens e folhas compondo um belo jardim, como esse que fotografei em Londres.

A diversidade de folhagens e folhas compondo um belo jardim, como esse que fotografei em Londres.

Da barbárie à civilização: na criança pequena, a regulação das emoções é precária. O desejo, a raiva e a impulsividade imperam. Pouco a pouco, a percepção dos outros estimula a aprendizagem das regras de convivência e do respeito. Porém, mesmo na idade adulta, com plena capacidade de raciocínio, em determinadas circunstâncias transbordamos de raiva. Dizemos ou fazemos coisas das quais posteriormente nos arrependemos. Mas nem sempre os atos violentos são feitos sob o domínio de fortes emoções. Muitos são minuciosamente planejados por aqueles cuja ideologia os motiva a eliminar quem discorda de suas crenças.

Na década de 1970, o neurocientista Paul McLean desenvolveu uma teoria sobre o desenvolvimento cerebral da espécie humana, concluindo que, na verdade, temos “três cérebros em um”.

De forma muito simplificada: o “cérebro reptiliano” regula as funções fisiológicas básicas, o “sistema límbico” é o “cérebro emocional” e o neocórtex responde pela cognição, raciocínio lógico, pensamento abstrato. Essas estruturas interagem continuamente não só entre elas mas também com os demais sistemas do nosso corpo. E, com o desenvolvimento da neurobiologia dos relacionamentos, descobrimos que nosso cérebro é continuamente modelado e remodelado, desde a gestação, pela qualidade de nossos relacionamentos e pela cultura na qual estamos inseridos.

Nas sociedades humanas coexistem diversas visões sobre o que seriam atos de barbárie ou comportamentos civilizados, dependendo da visão de mundo, crenças e peculiaridades culturais. Em nome de diferentes deuses, pessoas matam os que consideram hereges. Meninas e mulheres são impedidas de estudar e de trabalhar. Grupos, tribos e facções dentro do mesmo país entram em intermináveis disputas sangrentas pela ocupação de território e pelo poder. A intolerância e o desejo de exterminar os diferentes tomam a dianteira.

A transição da cultura da violência para a cultura da convivência é um processo longo e difícil. Construir um convívio respeitoso entre pessoas e populações de diferentes etnias, culturas, religiões e visões de mundo, reconhecer as semelhanças na diversidade do mosaico humano é um trabalho árduo, porém necessário, para que seja possível caminhar para um novo patamar evolutivo.