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A “vontade própria” de fazer uma obra de arte como essa que fotografei em Inhotim (MG) exige renunciar  à “vontade própria” de fazer muitas outras coisas.

A “vontade própria” de fazer uma obra de arte como essa que fotografei em Inhotim (MG) exige renunciar à “vontade própria” de fazer muitas outras coisas.

Por que tenho que respeitar pai e mãe? Sou igual a vocês! Por que tenho que obedecer? Vocês também não me respeitam! Eu tenho vontade própria! – Eduardo, oito anos, encara a mãe que, pela terceira vez, diz que ele tem de interromper o jogo para estudar Matemática.

Com firmeza e serenidade, os pais precisam transmitir a noção de hierarquia: os direitos entre pais e filhos não são iguais porque os pais assumem uma carga maior de deveres e compromissos, inclusive o de cuidar, orientar e proteger os filhos.

Entender que a raiva surge da inevitável frustração de alguns desejos e esclarecer conceitos é um processo trabalhoso. Respeitar os filhos não significa deixá-los fazer o que querem na hora em que bem entendem. Nossa “vontade própria” não pode ser seguida o tempo todo nem na infância nem na idade adulta…

Renunciamos à “vontade própria” quando temos de continuar assistindo a uma aula desinteressante em vez de sair correndo para o pátio do recreio, quando precisamos cumprir o horário de trabalho em vez de ir para casa descansar, quando vemos que precisamos fazer compras no mercado em vez de ir ao cinema. Em milhares de outros momentos no decorrer da vida, não conseguimos fazer o que nossa “vontade própria” determina! Gerenciar o tempo, colocar prioridades, adiar a gratificação, escolher o que realmente importa, aprender a diferença entre desejo e necessidade: essa habilidade pode ser desenvolvida desde cedo.

“Eu sempre digo para meu neto: em vez de ficar enrolando com a hora do estudo, e brigando com sua mãe, faça isso logo por conta própria! Vai sobrar mais tempo para brincar”! – a perspectiva de Eunice, como avó, ajuda a contemporizar o conflito entre mãe e filho em torno da dificuldade de organizar o tempo para dar mais espaço para a “vontade própria” se manifestar.