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Quantos erros foram necessários para chegar ao resultado final dessa obra? (Fotografei no Metropolitan Museum, Nova Iorque).

Quantos erros foram necessários para chegar ao resultado final dessa obra? (Fotografei no Metropolitan Museum, Nova Iorque).

Uma leitora me escreveu perguntando minha opinião sobre seu desejo de desistir de um curso de dança porque a professora grita com as alunas quando algo sai errado, criticando acidamente e humilhando publicamente quem não consegue reproduzir corretamente os passos que ensina.

Já ouvi relatos de alguns pais e professores que acreditam que humilhar e depreciar estimula crianças e adolescentes a criar “vergonha na cara” para melhorar o desempenho. Não acredito nesse método. Há modos mais eficientes de motivar a aprendizagem e o interesse em desenvolver competências e habilidades. A crítica depreciativa fere a autoestima, magoa e enraivece.

Para dançar, tocar um instrumento musical, falar um idioma, resolver problemas de matemática, interpretar um texto, andar de bicicleta e aprimorar muitas outras coisas é preciso ter paciência e persistência para enfrentar as dificuldades que surgem no caminho da aprendizagem. Valorizar os pequenos progressos e mapear a rota da etapa seguinte a ser conquistada estimula a autoconfiança e desperta o entusiasmo para continuar caminhando.

A chamada “crítica construtiva” é a avaliação necessária do desempenho atual, ressaltando a necessidade de maior dedicação ou capricho nos detalhes: “Acho que você é capaz de fazer isso melhor. Tente de novo”. “Este problema é difícil de resolver, e sua resposta não está correta. Creio que se você ler novamente o enunciado com mais atenção, conseguirá encontrar a solução”.

Mesmo com os mais resistentes, que “empacam” nos mesmos erros, as mensagens humilhantes não são eficientes. Servem apenas para descarregar nossa própria irritação. “Você não tem jeito, é cabeça-dura mesmo. Não vai dar pra nada na vida”! – deprecia a pessoa como um todo. “Você repetiu o mesmo erro. Tente descobrir um modo de sair desse lugar” – fala sobre a dificuldade e encoraja a criar novos recursos.

É muito estimulante transmitir a noção de que o erro faz parte do processo da aprendizagem. Quem humilha e deprecia os que cometem erros esquece que isso acontece inevitavelmente com todos nós. Errar não é errado! Quando o erro é visto como aliado da aprendizagem, ele clareia o caminho a ser trilhado e se transforma em acerto. E isso nos dá mais força para superar as dificuldades.