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No ciclo da vida, viver cada dia em plenitude (Fotografei na Patagônia chilena).

Fiquei emocionada ao assistir “A morte é um dia que vale a pena viver”, palestra TED com a médica Ana Cláudia Quintana Arantes, que se dedica a oferecer cuidados paliativos para as pessoas que estão no fim da vida, a partir do momento em que muitos profissionais dizem que não há mais nada a ser feito.

Ela esclarece que “paliativo” vem de “pallium”, um manto que era colocado nas costas dos cavaleiros das Cruzadas para protegê-los das intempéries. E, nesse sentido, cuidados paliativos significa proteger do sofrimento, tratar do controle dos sintomas aliviando ao máximo o sofrimento físico para cuidar melhor das demais dimensões do sofrimento (emocional, familiar, social, espiritual). Visto dessa forma, há muito a fazer para cuidar de pessoas mesmo quando a doença não tem cura e segue seu curso inevitável.

Eu trabalhei em hospitais com equipes de saúde e coordenei muitos grupos de relacionamento médico-cliente-família. O final da vida breve de alguns bebês internados em UTI Neonatal e os últimos dias de uma vida mais longa de adultos e idosos me fizeram ver que há muito a ser feito na assistência a pessoas que estão morrendo e a suas famílias. Todos nós temos muito a aprender sobre a vida quando a olhamos pela perspectiva da morte.

Já tendo passado dos sessenta, tenho acompanhado o fim da vida de muitas pessoas queridas, da família e do grupo de amigos. Quando a morte não chega repentinamente, como em um acidente fatal, é possível aprofundar a percepção do sentido da vida, rever a própria trajetória, expressar gratidão, refazer vínculos, aproveitar da melhor forma o tempo que resta.

Mas, independentemente da idade que temos, não sabemos quanto tempo temos pela frente. Qual o sentido que estamos encontrando para nossa vida? Como estamos nutrindo nossos vínculos afetivos? Como estamos aproveitando o privilégio de viver?