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Quando confundimos vulnerabilidade com fragilidade deixamos ver ligações e raízes mais profundas que sustentam nossas forças (Fotografei no Jardim Botânico-RJ).

Vulnerabilidade não é sinônimo de fraqueza. É um risco emocional, quando a pessoa decide se expor, e encarar a incerteza dos resultados. Nesse sentido, é a medida mais precisa da coragem de se revelar ao mostrar um novo trabalho, divulgar ideias próprias. É a base da inovação, da criatividade e da mudança. Criar e inovar é fazer algo que não havia sido feito antes. E reconhecer a própria vulnerabilidade ajuda a ter flexibilidade para se ajustar às mudanças.

Essas ideias estão contidas na excelente palestra TED de Brené Brown, da Universidade de Houston, que há anos faz pesquisas sobre vulnerabilidade e vergonha.

Concordo com ela. O “friozinho na barriga” antes de uma palestra ou do lançamento de um livro é uma expressão da vulnerabilidade, que estava ligada à coragem e ao prazer de criar algo não convencional (como, por exemplo, usar minhas composições musicais nas palestras ou encenar um dos meus livros). Como isso será recebido pelo público? A vulnerabilidade se aliou ao desejo de ser mãe. Nas duas gestações, a força e a alegria de abrigar a vida em meu corpo e a dúvida de como eu seria como mãe de cada um deles.

Mas há outros aspectos da vulnerabilidade que não dependem da nossa escolha em se expor e se aventurar em novos territórios. Li uma matéria na revista da United Airlines entrevistando diversos profissionais sobre o tema. Para a terapeuta de casais Esther Perel, a vulnerabilidade, além de existir dentro de nós, existe também na tecnologia e na sociedade (como por exemplo, perseguição e ataques a pessoas de religiões, etnias ou orientação sexual não aceitas pela maioria de um país). Sempre há a possibilidade de sermos atacados física ou emocionalmente. Entre os casais, é comum um ou ambos se sentirem vulneráveis quando revelam aspectos de si mesmos que os envergonham ou que não apreciam. Mas é justamente esse o caminho para aprofundar o relacionamento.

O escritor Tavis Smiley enfatiza que a maioria das pessoas vê a vulnerabilidade no sentido pejorativo, como fraqueza e não como força. Muitos se defendem para não correr o risco de serem rejeitados mas, desse modo, fecham muitas portas na vida e nos relacionamentos.

O termo “famílias em situação de vulnerabilidade social” é entendido, inclusive por muitos profissionais que prestam assistência a essa população, como sinônimo de desestruturação, precariedade, desequilíbrio. A habitação pode ser precária, a renda familiar pode ser insuficiente para prover o mínimo necessário, os relacionamentos podem ser conflituosos mas é muito importante reconhecer os recursos que as pessoas e as famílias utilizam para lidar com a “vulnerabilidade social” e trabalhar para fortalecer e expandir esses recursos. Isso eu aprendi no trabalho voluntário que tenho feito há décadas em algumas ONGs.

Que a gente consiga abraçar nossa vulnerabilidade para dela extrair a criatividade e a ousadia de viver!

A palestra TED de Brené Brown: https://www.ted.com/talks/brene_brown_listening_to_shame